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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O IDEAL DE PUREZA LINGUÍSTICA ON-LINE: UM ESTUDO DISCURSIVO DE PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO A PARTIR DE GÊNEROS HUMORÍSTICOS

Autores:
Gilvan Santana de Jesus (UFS - Universidade Federal de Sergipe)

Resumo:

O ensino de Língua Portuguesa no Brasil inúmeras vezes esteve associado ao ensino de gramática normativa. Trata-se de um modelo de ensino bastante enraizado que é alvo de ferrenhas críticas porque considera o processo de ensino-aprendizagem de língua materna de modo restritivo, baseado apenas na prescrição de regras e limitado a apenas uma variedade, a norma padrão escrita. Nessa perspectiva, propomos analisar os processos de significação do ensino de LP e do profissional da área que se convencionou chamar “Letras”. Para isso, o trabalho toma como aporte teórico-metodológico a Análise de Discurso de orientação francesa. No que diz respeito ao corpus, a pesquisa considera gêneros humorísticos, como o meme, em circulação no ciberespaço, especificamente em redes sociais digitais como o Facebook. Em termos de resultados, observamos como há construções de imagens acerca do ensino de língua e do profissional de Letras de modo bastante deturpado. Em um meme, por exemplo, notamos como o sentido de “vencer na vida” é atravessado por um discurso normativista. Em outra publicação, notamos como o riso é um fator que está operando de modo a ridicularizar uma variedade falada que não atende ao padrão normativo escrito. Já em uma outra, a imagem construída é do tal “professor de português”, cuja função que lhe é atribuída, discursivamente, é a de tão somente “corrigir” seus alunos. Nos três casos, observa-se como os sentidos são produzidos pela afetação dos sujeitos por um discurso normativista, construindo um “ideal de pureza linguística”. Dessas construções, resultam dois efeitos de sentido: o de “vigilância” que se estabelece no espaço das redes sociais, isto é, os sujeitos funcionam como “detetives da norma padrão escrita”, sempre à procura dos “erros” gramaticais; e o de “ridicularização” dos “infratores” da tal norma padrão, do que decorre, afinal, o riso.