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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Breves discussões paleográficas sobre a escrita de Gracia Gomes Pillo – um escrivão das Minas Geraes setecentistas

Autores:
Soelis Teixeira do Prado Mendes (UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto)

Resumo:

Conforme se sabe, documentos manuscritos no passado recuperados pelo trabalho filológico são indispensáveis à análise de ocorrências (ou não ocorrências) de mudanças linguísticas de longa duração. Para tanto, a Filologia se utiliza de diferentes “ferramentas” para esse trabalho, dentre eles a Paleografia, “ciência que lê e interpreta as formas gráficas antigas (...)” (ACIOLI, 2003, p.5). Ou seja, interrogar adequadamente um texto manuscrito redigido no estado pretérito de uma língua requer do Pesquisador prévios conhecimentos paleográficos, dentre outros. Da correta leitura do tipo caligráfico empregado na escrita depende a correta interpretação do texto. Desta forma, a Paleografia desempenha um papel fundamental ao situar a escrita no tempo e no espaço próprios de sua produção. Assim, a identificação das particularidades gráficas de cada escriba tem seu sentido atrelado a contextos históricos precisos atinentes aos estágios de desenvolvimento da escrita. Um traçado rápido e levemente inclinado das letras cursivas, a indistinção entre traços finos e grossos, além do uso de minúsculas e maiúsculas, típicos da escrita humanística, caracterizam a escrita atribuída ao tabelião Gracia Gomes Pillo, que serviu em Vila do Carmo, atual cidade de Mariana, (MG). Um iniciante na arte de transcrição de manuscritos pode acreditar que a semelhança com a atual forma gráfica empregada não enseja um labor nessa atividade. Isso porque tal semelhança causa a falsa sensação de que a leitura transcorrerá sem problemas. No entanto, isso só será possível se o leitor empreender uma leitura decifradora, exigida durante a leitura paleográfica. Aspectos como cursividade, inclinação, variações das formas gráficas de cada letra, entre outros, nos colocam diante de verdadeiros desafios. Nesta comunicação, objetivamos apresentar e discutir características do traçado da letra manuscrita de um escrivão que atuou por um longo período na Vila do Carmo, e como esse traçado peculiar propicia uma leitura um pouco mais árdua do testemunho.


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