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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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"SERMÃO DÉCIMO QUARTO" DE PADRE ANTONIO VIEIRA: ETNOCENTRISMO NO SÉCULO XVII E DIREITOS TEÂNDRICOS.

Autores:
Thomaz Heverton dos Santos Pereira (UEFS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA)

Resumo:

O artigo apresenta uma discussão sobre o etnocentrismo europeu, conforme pontuam Todorov em Nós e os outros, Guimarães (1988) e Ingold (1995), o qual ocorreu com intensa força no século XVII, sobretudo no discurso religioso, em especial, do Padre Antonio Vieira, tomando como exemplo o "Sermão Décimo Quarto" (1633). Quando se pensa em religião, evita-se falar em aprisionamento, vocábulo, no entanto, distante do discurso vieriano, cujo sermão marca paradoxal e veementemente princípios religiosos e ideológicos de manutenção do poder colonizador e monarquista. No sermão Décimo Quarto do Rosário, Vieira condiciona a vida dos negros à escravidão, ao serviço e à obediência de maneira que isso esteja imbricado à salvação. Para o jesuíta, o fato de ser escravo é condição indispensável ao encontro da recompensa celestial, proposta pelo Salvador, que assim como passou por sofrimentos durante sua vida na terra, devem os pretos imitarem-no. Nesse aspecto, pretende-se observar o uso da linguagem na preservação das relações de poder, fortemente marcadas pelo processo ideológico cristão, suprimindo, de certo modo, direito à liberdade, elemento fundamental para a vida humana e cuja pregação do padre deveria ser a de torná-lo efetivo. Diante desse quadro, presume-se que Deus não é um ativista dos Direitos Humanos, contrapondo a ideia de Boaventura de Sousa Santos, mas mantém, pela via discursiva no século em questão, a premissa de que os poderes hegemônicos estabelecidos fortalecem as instituições religiosas para oprimir e aprisionar o homem, diferindo assim dos princípios dos Direitos Humanos contemporâneos. A metodologia, portanto, será de cunho reflexivo-qualitativo e buscará no texto em leitura os elementos de ratificação da força religiosa do século XVII que se estendeu historicamente na civilização brasileira.