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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS EM TURMAS INCLUSIVAS NO ENSINO SUPERIOR: RELATOS DE UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA.

Autores:
Layane Rodrigues de Lima (UFG - Universidade Federal de Goiás)

Resumo:

No Brasil, o ensino de língua portuguesa (LP) como segunda língua (L2) para surdos é um direito linguístico, conforme assegurado pelo Decreto nº. 5.626/2005. Nesse processo, Quadros (1997), Fernandes (1999), Salles et al. (2004), Quadros & Schimiedt (2006), dentre outros, destacam a necessidade de uma metodologia bilíngue e bicultural. Tal metodologia demanda, preferencialmente, turmas específicas com estudantes surdos, os quais possuem, em sua maioria, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como primeira língua. No entanto, essa realidade ainda não é praticada em sua plenitude nas diversas instituições de ensino do país, o que leva à formação de turmas inclusivas, com surdos e não-surdos. Diante disso, nosso objetivo é apresentar alguns relatos e experiências sobre as possibilidades por nós identificadas no ensino de LP como L2 para estudantes surdos no nível superior, considerando esse contexto inclusivo e os seus desafios. Nesses relatos, destacamos os seguintes aspectos: (i) o uso de metodologia contrastiva Libras x LP e (ii) a colaboração de intérpretes. No primeiro caso, o ensino por meio de análise contrastiva, além de atingir os dois públicos, surdos e não-surdos, facilita o processo de internalização dos conteúdos por meio da identificação do que é similar e do que é diferente entre a LP e a Libras. No segundo caso, por sua vez, o trabalho colaborativo com os intérpretes é essencial para o sucesso do processo de ensino e isso envolve discussão prévia sobre os conteúdos e sobre o material didático, dentre outras questões. Essas considerações apontam para a necessidade de separação de turmas entre surdos e não-surdos, pois os processos de ensino-aprendizagem são distintos, e para o conhecimento profundo, por parte do professor, da gramática da Libras e da LP, bem como o conhecimento de aspectos da cultura surda, a fim de possibilitar uma educação linguística e bicultural.