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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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Experiências com as práticas de escrita na universidade: "afinal, o que é o letramento acadêmico?"

Autores:
Victoria Wilson da Costa Coelho (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

Resumo:

O trabalho pretende discutir, no âmbito dos Novos Estudos do Letramento, práticas da escrita acadêmica no contexto de uma faculdade de formação de professores. Com base nas concepções de palavra de autoridade e palavra interiormente persuasiva e nas relações de forças centrípetas e centrífugas da língua (BAKHTIN, 1993), o trabalho analisa produções textuais na modalidade “projeto de monografia” com o intuito de refletir sobre o letramento como aquisição de habilidades e técnicas quanto ao estilo do gênero em práticas sociais situadas, mostrando o quanto os modelos autônomo e ideológico estão imbrincados nesse processo de ensino e aprendizagem de gêneros e linguagens especializados na academia. Discutir como diferentes racionalidades, diferentes das científicas, se cruzam a estas, integrando-as e (re)configurando-as como outros modos de dizer e fazer de acordo com as limitações e potencialidades de cada aluno é objetivo central deste trabalho. Discutir esses aspectos é um modo de contribuir para a reflexão teórica do que é letramento (ou letramentos) e para a reflexão do fenômeno nas experiências vividas pelos alunos como formas de participação e inserção no espaço acadêmico. É inclusive um meio de expandir modos de pensar e fazer que possam alterar padrões de conduta – tanto dos docentes (e pesquisadores) quanto dos discentes, em prol da qualidade da aprendizagem e do ethos interacional na universidade. A metodologia tem por base o paradigma indiciário de Ginzburg (2002), a heterocientificidade (BAKHTIN, 2003) e a etnografia discursiva (CORRÊA, 2001), pois se abrem como possibilidades de investigação e interpretação de diferentes modos de construção de vozes e identidades por meio e com o discurso. Os resultados da pesquisa têm demonstrado que os gêneros acadêmicos construídos, na universidade, revelam sinais de desejo (e esforço) dos alunos na condição de pessoas “academicamente letradas”, ainda que manifestem tendências contraditórias ou complementares ao script esperado ou desejado.