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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Pedagogia da variação: por um ensino de Língua Portuguesa que considere diferenças

Autores:
Giselda Maria Dutra Bandoli (IFF - Instituto Federal Fluminense)

Resumo:

Os PCN constituíram uma renovação curricular na educação, pois propuseram uma filosofia de ensino não mais pautado em saberes descontextualizados. Suas orientações, anunciadas desde 1997, estão em consonância com postulados de vertentes linguísticas que estudam a língua em reais contextos de uso, como a Sociolinguística. Alinhado a essa perspectiva linguística, esse documento ressalta a importância do papel do estudo da variação nas atividades de Língua Portuguesa para que a competência discursiva do aluno seja aprimorada e sua consciência linguística construída. Depreende-se então que o estudo da variação linguística ocupa lugar de destaque nas orientações oficiais. Na realidade, o que se observa, entretanto, são práticas pedagógicas que orientam o ensino de língua muitas vezes atreladas às orientações normativas, o que aprofunda o fosso entre a língua considerada padrão e a língua empregada em interações discursivas. Nesse sentido, este trabalho pretende apresentar uma proposta de encaminhamento de ensino de Língua Portuguesa para alunos do Ensino Médio, a partir da criação de um corpus onde são registradas amostras da fala e da escrita de habitantes das zonas urbana e rural da cidade de Cambuci/RJ. Objetiva-se estudar inúmeras questões ligadas à variação linguística, além de proceder à organização de um mapeamento da fala/escrita de habitantes daquela cidade, permitindo aos alunos poderem contrapor fenômenos linguísticos a tópicos normativos. Espera-se que o estudo de fenômenos linguísticos, em detrimento do estudo de tópicos estritamente gramaticais, promova uma educação/consciência linguística, o que contribuirá para a reflexão sobre o preconceito linguístico em nossa sociedade. Como aparato teórico, recorreremos às orientações dos PCN, além de mobilizarmos autores que se inclinam para os estudos de cunho sociolinguístico: Bagno (2002, 2003 e 2011), Bortoni-Ricardo (2005 e 2009), Correa (2014), Martins, Vieira e Tavares (2014), Travaglia (2011), Vieira e Brandão (2013), dentre outros.