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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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O DISCURSO CRISTÃO E A REPRESSÃO SEXUAL FEMININA EM “MISS ALGRAVE"

Autores:
Maria Geyze Andrade Barbosa Monteiro (UEPB - UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA ) ; Joselma do Nascimento Lima Santos (UEPB - UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA )

Resumo:

A sexualidade é um tabu e atrelada ao contexto religioso se torna mais problemática, pois os discursos de repressão baseiam-se, frequentemente, na perspectiva religiosa, a qual reprime a mulher de viver sua sexualidade de forma livre sem recriminações. Nos princípios cristãos o sexo é apenas para reprodução e toda prática sexual sem esse propósito é condenável e até o corpo feminino que não pertencente às mulheres, mas sim, a igreja, ao Estado, ao homem, que ditam regras sobre o corpo e o comportamento feminino. A partir dessas questões pertinentes, analisamos no conto Miss Algrave, contido no livro A via Crucis do Corpo (1974) de Clarice Lispector, a repressão do prazer através dos “valores cristãos” representados na personagem Ruth Algrave, descrita na narrativa como uma mulher muito bonita, religiosa, solteira e virgem. Metodologicamente, este trabalho baseia-se em uma pesquisa bibliográfica de cunho teórico interpretativo. Embasamos a discussão nas contribuições de Michael Foucault em Microfísica do Poder (1978) e a obra Três Ensaios Sobre a Sexualidade (1905) de Sigmund Freud. Discutimos como o domínio do corpo da mulher se torna objeto de outros para seus interesses e a repreende caso ela saia da perspectiva que lhe foi colocada, tornando-se refém de si mesma. Alicerçamos a discussão em Del Priore (2001), (2010), Duarte (2003), (2010), Gens (2003), Perrot (2013), Swain & Muniz (2005), Scott (2011). Ressaltamos novos discursos que rompem com essa repressão sexual, garantindo liberdade ao corpo feminino e discursando sobre a igualdade de gênero. O estudo realizado mostrou-nos que o discurso religioso cristão ainda exerce um domínio sobre a sexualidade feminina nas narrativas literárias no período de escrita do conto em estudo, ou seja, década de 1970, no entanto, mesmo neste período identificamos na narrativa estudada fraturas que revelam marcas do preconceito como ferramenta de exclusão social e cultural da mulher.


Agência de fomento:
UEPB