Esta proposta histórico-cultural de ressignificação das práticas de ensino da literatura, resultante do desenvolvimento de uma dissertação de mestrado, vinculada a um Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGE, de uma Universidade situada no interior paulista, orientada pela Profa. Dra. Maria de Lourdes Zizi Trevizan Perez, tem os objetivos de explicitar o conceito de literariedade (arte literária) e contribuir com os profissionais da educação na construção cultural de seus saberes científicos sobre a literatura e modos adequados de seu ensino; o interesse pelo estudo surgiu do impacto das autoras diante da constatação, em suas pesquisas e vivências profissionais, da continuidade, no ensino da leitura de literatura, de uma prática pedagógica mecanicista, destituída, ainda, do enfoque histórico-cultural bakhtiniano, que valoriza o ato de ler como um ato dialógico e ambivalente, revelador da natureza estética (filosófica) e ideológica (social) da Arte Literária, compreendida como um processo de linguagem específica, para substantivação dos sentidos da realidade pragmática, de onde emerge a literatura. Tal prática descrita motivou a produção desse texto para reflexões e discussões acadêmicas sobre a necessária ressignificação do trabalho docente com a literatura. A investigação acadêmico-científica, da qual foram extraídas partes dos dados para elaboração desse resumo da comunicação oral, é de natureza qualitativa – estudo de caso – com observação participante, envolvendo entrevistas semiestruturadas com doze docentes e filmagens de duas aulas de literatura, para tematização e discussões posteriores sobre a epistemologia da prática docente, tendo como aporte teórico a Filosofia Materialista da Linguagem de Mikhail Bakhtin. Os resultados obtidos confirmaram a tendência pedagógica, no ensino do texto de literatura, de uma leitura restrita à identificação do sentido literal do texto, sem a sua necessária contextualização histórico-cultural, para percepção da Arte Literária como produção estética e ideológica, possibilitadora de transformações sociais, por ter origem na realidade pragmática.