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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
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O GÊNERO DO DISCURSO FOLHETOS PARA AGRICULTORES FAMILIARES: ACESSIBILIDADE TEXTUAL COMO RELAÇÃO DIALÓGICA

Autores:
Giselle Liana Fetter (PUCRS - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul)

Resumo:

Motivado pela escassez de pesquisas sobre compreensão textual de leitores de escolaridade limitada – nível ao qual se enquadra grande parte dos agricultores familiares –, este trabalho tem por objetivo apresentar reflexões sobre a Acessibilidade Textual como prática dialógica para construção do conhecimento. Entende-se Acessibilidade Textual como adequação de textos a uma linguagem acessível, isto é, léxico, estruturas oracionais e estrutura composicional do texto condizem com o leitor ao qual se dirige. Com base na perspectiva de Bakhtin (1997; 2016), analisamos folhetos para agricultores familiares de uma instituição de extensão rural. Bakhtin (2016) afirma que qualquer sistema de signos pode ser traduzido para outros signos, inclusive, sistemas já convencionados. Essa ideia de tradução assemelha-se à proposta da Análise do Discurso da Divulgação Científica, porém, nessa abordagem, esse processo é denominado de recontextualização. Para essa perspectiva, baseada, entre outros, nos pressupostos de gêneros do discurso de Bakhtin (1997), os textos divulgativos tratam da reformulação de conhecimentos da ciência em linguagem simplificada para um público com pouca exposição à linguagem científica (CASSANY; MARTÍ, 1998), permitindo sua compreensão. Para Bakhtin (2016), a compreensão é imprescindível para qualquer estudo sobre sistema de signos. Os folhetos sob análise deveriam se configurar como uma interação entre agricultor familiar – leitor – e extensionista rural – divulgador da ciência. Contudo, observamos que os enunciados remetem majoritariamente ao discurso científico. Tal fato pode estar relacionado à formação acadêmica dos extensionistas, pois o acesso aos gêneros de divulgação científica é bastante limitado nas instituições acadêmicas. Entendemos que a recontextualização desses folhetos só estará adequada, se os extensionistas rurais conhecerem estratégias apropriadas para esse tipo de texto e, especialmente, considerarem o contexto do agricultor familiar. Pretendemos, no desenvolvimento deste trabalho, propor diretrizes para a produção de textos divulgativos para agricultores familiares, bem como para leitores de escolaridade limitada em geral.


Agência de fomento:
CAPES