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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O discurso da neutralidade no ensino: a literatura como alvo de censura pelo Escola sem Partido

Autores:
Jonas Pereira Lima (UFT - UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS)

Resumo:

Este trabalho tem como propósito analisar uma suposta neutralidade imposta pelo Escola sem Partido que ameaça desfigurar o ensino de literatura na escola. O Escola sem Partido se constitui como uma organização de pessoa jurídica não governamental, veiculada oficialmente por meio de um site e de uma página no Facebook, fundado em 2004 por Miguel Nagib. O principal objetivo do Escola sem Partido se configura em implantar, nas escolas públicas e confessionais, uma lei em que o professor seja, em sala de aula, obrigado a se posicionar de forma “neutra” em discussões que envolvam política, ideologia, agremiação partidária, ideologia de gênero e religião. Subsidia nossa análise as teorias da enunciação e do discurso na perspectiva de Fiorin (1996, 2006), Barros (2011) e fundamentos da semiótica literária de Bertrand (2003). Tomamos como corpus os artigos “Doutrinação ideológica em videoaula de literatura” de Sidney Rogério França, “Saramago, o escritor predileto dos doutrinadores esquerdistas” de Rodrigo Gurgel, “O que seria da literatura numa “escola sem partido”?” de José Ruy Lozano e uma entrevista concedida professor João da Silva Ribeiro Neto, investigando neles regularidades que constroem esse discurso de natureza política com efeitos sobre a escolarização. Como parte de uma pesquisa em andamento, evidencia-se que o Escola sem Partido impõe, por meio de vias jurídicas, o princípio da neutralidade ao professor e, assim, assume uma postura autoritária em favor de uma corrente política, que preza pela obstrução do ensino e aprendizagem pluralista e crítico. No âmbito discursivo, percebe-se que essas vozes jurídicas se articulam para legitimar um discurso que instiga imposição regras, proibições e cerceia a possiblidade de o professor mobilizar a pluralidade dos saberes escolares, anulando, sobretudo, a possibilidade de despertar o exercício do senso crítico do aluno por meio do ensino de literatura.


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CAPES