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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


ESPAÇOS MENTAIS E INTERSUBJETIVIDADE NOS USOS DO CONECTOR ‘MAS’ EM MEDIAÇÃO

Autores:
Naira de Almeida Velozo (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) ; Sandra Pereira Bernardo (UFRJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

Resumo:

Neste trabalho, analisam-se ocorrências do conector ‘mas’ em uma sessão de mediação, etapa de um processo judicial, com vistas a apresentar uma proposta de descrição do conector com base, sobretudo, na Teoria dos Espaços Mentais, mais especificamente, no modelo de Rede de Espaços Comunicativos Básicos (FAUCONNIER, 1997; FERRARI; SWEETSER, 2012; BERNARDO; VELOZO; ABREU, 2018); na Teoria dos Modelos Cognitivos Idealizados (LAKOFF, 1987); no conceito de intersubjetividade (LANGACKER, 1990; VERHAGEN, 2005; TOMASELLO, 2003[1999]); e em noções pragmáticas de pressuposição e implicatura conversacional (LEVINSON, 2007). A constituição do corpus segue os procedimentos da Análise da Conversa Etnometodológica e as convenções de transcrição estabelecidas em Sacks, Schegloff e Jefferson (2003[1974]). Os resultados parciais da análise evidenciam que (i) o conector ‘mas’ atua no gerenciamento argumentativo da conversa contrastando espaços mentais em nível epistêmico, metatextual, metalinguístico e no nível dos atos de fala, ou seja, conferindo saliência perceptual, em ocorrências distintas, a todos os tipos de espaço que compõem a Rede de Espaços Comunicativos Básicos, o que explica, em parte, por que os participantes da conversa escolhem apenas esse conectivo para sinalizar o contraste entre espaços mentais na interação estudada; e (ii) independentemente do nível em que a contrariedade ocorre, os usos do conector são intersubjetivos, uma vez que visam à coordenação cognitiva (VERHAGEN, 2005) dos estados mentais e intencionais dos participantes da interação (TOMASELLO, 2003[1999]), seja para gerenciar tópicos conversacionais, a fim de retomar ou invalidar um encaminhamento argumentativo; seja para ajustar o foco de atenção dos interlocutores para um elemento específico de um modelo cognitivo idealizado ou espaço mental.