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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


(DES)CAMINHOS DA LEITURA FEMININA NO SÉCULO XIX A PARTIR DO OLHAR DE ANNA RIBEIRO DE GOES BITTENCOURT

Autores:
Edinage Maria Carneiro da Silva (UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana)

Resumo:

A partir do Segundo Império, um cenário mais favorável à educação e instrução femininas começa a se delinear no Brasil, ainda que em um contexto de limitações e cerceamentos. O processo de urbanização se incrementava, a vida social, sobretudo na corte e em algumas províncias mais desenvolvidas como Bahia e Pernambuco, ia se sofisticando e o país absorvendo algumas práticas europeias como forma de se “civilizar” (FREYRE, 2008). Anna Ribeiro de Goes Bittencourt (1843-1930), típica representante da elite feminina do recôncavo baiano e fiel aos princípios católicos nos quais fora educada, surge como a primeira romancista baiana. Suas leituras e produções escritas visavam à confirmação e divulgação do conjunto de princípios e valores que julgava adequado para as mulheres de então. Preocupada com a formação do caráter das suas leitoras, sobretudo das mais jovens, defendia que lessem romances “morais e religiosos”. Objetivamos traçar um breve perfil da escritora que, embora tenha alcançando um lugar como mulher e intelectual do século XIX, manteve-se fiel aos valores patriarcais então vigentes.  Focaremos na sua formação como leitora e escritora.  Para tal, buscaremos subsídios em textos dela própria: Longos serões no campo, livro de memórias escrito por volta dos 80 anos de idade, e o artigo “O romance. Ás senhoras brasileiras e portuguesas”, publicado no Novo almanaque de lembranças luso-brasileiro para o ano de 1886, em Lisboa (1885), e no periódico A família, no Brasil (1889).