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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O texto como discurso em sala de aula: da legitimidade à credibilidade em letramentos de resistência

Autores:
Luciana Paiva de Vilhena Leite (UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)

Resumo:

 

Pensar o texto como discurso em sala de aula da educação básica é pensar mecanismos de propiciar ao aluno uma aproximação mais aprofundada com o texto, de modo que ele amplie sua competência de operar um deslize da mera compreensão para a interpretação textual-discursiva, como postula Charaudeau (1995; 1999), a partir de estratégias que lhe permitam partir dos sentidos das categorias da língua em direção ao sentido de discurso. Comumente, as estratégias pedagógicas tradicionais de ensino de leitura na escola desconsideram fatores exteriores à imanência do texto, e, assim, não levam em conta a encenação subjacente a todo ato de linguagem. Entendendo, conforme, Gerladi (1996) que a leitura é um encontro de sujeitos situados numa sociedade e por ela influenciados, não podemos abrir mão das identidades envolvidas na produção-recepção do texto no momento de sua interpretação. Nesse sentido, esta investigação visa a trabalhar com o que tem sido considerado por Silva Souza (2001) como “letramentos de resistência”, isto é, manifestações artísticas – como o rap e o funk – que ensejam quadros de encenação em que os sujeitos comunicantes (CHARAUDEAU, 2008) instauram ethos de resistência em direção a um resgate de vozes historicamente silenciadas. Metodologicamente, a investigação estabelece uma comparação entre letras de funk e de rap contemporâneas, gêneros que se anunciam como cotidianos à experiência do aluno, em contraste com outras textualidades não cotidianas e consideradas de prestígio – como o texto poético de outras sincronias -, de modo que o educando entre em contato com diversas estratégias de discurso de resistência. O contato do aluno com uma variabilidade de gêneros de resistência tem revelado uma maior motivação desse educando em relação à própria leitura/interpretação do texto literário, o que, grosso modo, é um dos papéis fundamentais do ensino de leitura na escola.