Imprimir Resumo


Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


TRAÇOS CATEGORIAIS E NOMES DEVERBAIS NÃO AFIXAIS DO PORTUGUÊS

Autores:
Ana Paula Scher (USP - Universidade de São Paulo)

Resumo:

Este trabalho avalia o alcance de mecanismos sintáticos na determinação da natureza dos processos morfológicos disponíveis na gramática das línguas naturais. Parte-se da investigação de nomes deverbais não afixais – DNAs – do português, tais como fala, falta, começo, etc, e as implicações de se assumir, para dar conta de sua derivação, a existência de processos não concatenativos de formação de palavras nas gramáticas das línguas naturais. Esse conjunto de dados resulta de um dos dois processos apontados a seguir, que a literatura linguística classifica como não concatenativos: derivação regressiva (processo que subtrai unidades morfológicas da palavra derivante) ou conversão (processo que converte a base verbal em base nominal). Se, por um lado, mecanismos não concatenativos são assumidos com bastante naturalidade por diferentes correntes teóricas para o estudo da estrutura interna das palavras, por outro, muitas questões são levantadas sobre a pertinência de operações morfológicas de naturezas tão distintas na composição da arquitetura das gramáticas das línguas naturais: trata-se de processos concatenativos derivacionais, composicionais ou de incorporação, além de outros, não concatenativos, como a derivação regressiva, a conversão ou o truncamento. Em particular, questões sobre a propriedade da existência de processos não concatenativos de um modo mais geral, emergem como o advento de modelos não lexicalistas que se propõem a investigar a estrutura interna das palavras. Entre eles, está o modelo da Morfologia Distribuída (cf. HALLE; MARANTZ, 1993), que assume que a formação de palavras e sentenças ocorre na sintaxe, o único componente gerativo da arquitetura da gramática das línguas naturais, e depende, crucialmente, da operação merge. Com esta pesquisa, utilizando o fenômeno linguístico da formação de DNAs em português, procura-se argumentar em favor de que a explicação de fatos como esse não depende da postulação de processos não concatenativos nas gramáticas das línguas naturais.


Agência de fomento:
CNPq