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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O QUE HÁ NO FIM DO ARCO-ÍRIS: A IDENTIDADE DOS NOVOS LEITORES EM COMUNIDADES QUE REDISCUTEM AS FRONTEIRAS LITERÁRIAS

Autores:
Rosângela França de Melo (EETIPFIC - Escola Estadual em Tempo Integral Professor Francisco Ivo Cavalcanti)

Resumo:

O incentivo à leitura dos textos literários no ambiente escolar revela uma predisposta acolhida, por parte dessa comunidade, à recorrente ideia de que o ato de ler pode convidar ao ato de escrever. Não obstante, determinados “movimentos de corpos consumidores de histórias” ainda parecem não corresponder às expectativas das práticas usuais e se estabelecem em comunidades quase invisíveis a olho nu. Perceber esse burburinho fantasmagórico instalado em “quartos fechados” nas redes sociais, blogs, fanfictions ou saletas de livrarias possibilita enxergar um pouco mais de perto esses grupos os quais devotam horas à conquista de páginas às centenas de sagas literárias como Jogos Vorazes, Os instrumentos Mortais e Percy Jackson. Nesta discussão primeira, tenta-se investigar possíveis identidades culturais, tomando como base a linguagem e aspectos comportamentais adquiridos a partir das experiências de leituras das quais se apropriaram esses sujeitos; também, os fatores históricos, e/ou sociais que, no decorrer do tempo, desenharam esse construto fronteiriço redefinido, observando a escola como ambiente promissor para a reunião dos leitores dessa literatura seriada (sagas), ou como território castrador onde a leitura do cânon prevalece. O presente trabalho visa expor essa discussão, à luz das teorias de Bakhtin (1998, 2003) que considerou a linguagem como um constante processo de interação mediado pelo diálogo. À percepção do enunciado bakhtiniano, concreto, marcado por vozes, reúne o conceito de forças centrípetas e centrífugas. Apresenta, ainda, do campo da Linguística Aplicada, o estudo das identidades modernas descentradas, ou fragmentadas, de Hall (2006) e a visão de Canclini (2006) sobre o ato de “descolecionar” e da contemporaneidade como construção histórica marcada pelos processos de hibridização. Tais orientações teórico-metodológicas possibilitam entender as comunidades de leitores como espaços construídos, conforme desejos/saberes/experiências de seus participantes, que lhes asseguram uma trajetória de leitura à revelia do que é socialmente valorizado como a “boa literatura”.