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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A interseccionalidade na produção identitária em páginas de ativismo digital: um olhar argumentativo-discursivo sobre gênero, raça e classe

Autores:
Emilly Silva dos Santos (UFS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE)

Resumo:

Com a facilidade de conglomerar diversos usuários em uma mesma plataforma e de difundir discursos de forma abrangente e imediata, sem precisar se deslocar geograficamente, surgiram movimentos políticos que se organizam inteiramente no mundo virtual. A internet se apresenta enquanto ferramenta imprescindível para a fomentação das lutas sociais contemporâneas, por meio dela indivíduos, movimentos e organizações fundam o que se entende por ativismo digital. Nesse sentido, o presente trabalho pretende evidenciar os procedimentos discursivos dos quais as ativistas feministas lançam mão na produção identitária que emerge da intersecção gênero, raça e classe, atentando para a construção de hierarquizações e assimetrias. Utilizaremos como aporte teórico metodológico o esquema argumentativo da Nova Retórica (PERELMAN e OLBRECHTS-TYTECA (1996 [1958]), a partir dos estudos de Foucault (2008 [1969], 2004 [1971]) acerca da constituição do discurso na sociedade (cf. AZEVEDO, 2016). Atentaremos ainda para as teorizações de Butler (2018 [1990]), uma vez que essa autora compreende as identidades como sendo produzidas e negociáveis, além de atribuir um papel central a linguagem nos processos de produção identitária. Para tanto, observaremos a produção discursiva em páginas de ativismo digital no Facebook, a saber, a Preta Acadêmica e a Feminismo sem demagogia, escolhemos essas páginas por serem as maiores em número de seguidores, a primeira ao tratar, especificamente, sobre feminismo interseccional e a segunda sobre feminismo global. Os gestos de análise desse trabalho incidirão sobre as postagens e os comentários publicados em torno do caso de Valéria Lúcia dos Santos – advogada e mulher negra – que foi detida e proibida de usar a palavra em julgamento no qual advogava. Os resultados iniciais apontam que os comentários se confrontam em um processo constante de construção e desconstrução do discurso hegemônico sobre as configurações do que é ser um sujeito social ou um corpo abjeto.


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