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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A distribuição do sujeito nulo: uma análise comparativa entre o português europeu e o português de Guiné Bissau

Autores:
Gabryella Fraga de Oliveira (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)

Resumo:

O português na África instaura-se em uma dinâmica sociolinguística pautada, sobretudo, em seu contato com diferentes línguas, sendo impossível sustentar um discurso baseado no monolinguismo. Nesse sentido, Mattos e Silva (1988, p. 16) destaca: “[c]ontrariamente ao que ocorre no português europeu [PE], em todas as outras áreas lusófonas, o português se encontra em situações complexas e diversas de multilinguismo […]”. Embora recentes, investigações linguísticas apontam para o fato de que a norma urbana culta nos países africanos é muito próxima à norma padrão do PE (cf. Mota; Miguel; Mendes, 2012; Brandão; Vieira, 2012; Gonçalves, 2000). Além disso, a maior ou menor utilização de outra língua favorece, respectivamente, uma maior ou menor proximidade com a variedade europeia do português, língua oficial em alguns países africanos. No que se refere a Guiné Bissau, conforme Couto (2010), embora o português seja a língua oficial, mais de 80% da população fala o crioulo guineense (considerada língua materna), enquanto apenas cerca de 13% da população fala a língua portuguesa. Diante disso e tomando por base o modelo teórico de Princípios e Parâmetros (Chomsky, 1981, 1986), discutiremos a distribuição de sujeitos nulos e plenos na língua falada de dezesseis santomenses, comparando com os resultados já obtidos no PE, em que sujeitos nulos são muito produtivos. Para tanto, os dados que compõem o corpus (contextos declarativos finitos) foram selecionados de entrevistas e textos narrativos, obtidos através de alunos guineenses que estudam na UNILAB-CE e a análise aborda as variáveis sexo, tempo de estadia no Brasil, tipo de oração, concordância com o sujeito pleno e traço número-pessoal do sujeito. Até o momento, os resultados apontam que há um decréscimo na incidência de sujeitos nulos, quando comparado ao total geral, pois os falantes que estão a mais tempo no Brasil tendem a usar mais sujeitos foneticamente expressos.


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