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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


DESIGNAÇÕES PARA CABRA CEGA NA REGIÃO DO FALAR AMAZÔNICO: UM ESTUDO COM DADOS DO PROJETO ALiB

Autores:
Danyelle Almeida Saraiva (IFMS - instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul)

Resumo:

Elementos culturais de um povo podem ser abstraídos a partir do estudo de um léxico regional, de acordo com o contexto sócio-histórico das localidades investigadas. Este trabalho, que utilizou dados geolinguísticos do Projeto Atlas Linguístico do Brasil – Projeto ALiB, na área semântica de jogos e diversões infantis, apresenta resultados finais de estudo lexical (recorte de Dissertação de Mestrado) com o objetivo de catalogar e analisar, sob a perspectiva léxico-semântica, as designações para a pergunta nº 161 do Questionário Semântico-lexical: “brincadeira em que uma criança, com os olhos vendados, tem que pegar as outras”. Foram utilizados, para este estudo, dados extraídos de inquéritos linguísticos realizados pela equipe do Projeto ALiB em 26 das 250 localidades que constituem a rede de pontos do Projeto, sendo 20 situadas na área dialetal do falar amazônico (NASCENTES, 1953), e as outras 06 localizadas em regiões limítrofes, integrando o espaço geográfico considerado neste trabalho como área de controle (RIBEIRO, 2012), ou seja, áreas adjacentes que influenciam e/ou são influenciadas pelo falar amazônico.  O objetivo mais amplo desta pesquisa foi verificar a vitalidade da área dialetal do falar amazônico proposta por Nascentes (1953) no que se refere ao nível lexical. Foram documentadas nove unidades lexicais para o conceito em foco: pata cega (58,2% das ocorrências), cobra cega (19,7%) e cabra cega (17,2%), além dos itens lexicais com ocorrência única, reunidas no grupo intitulado outras: pata choca, barata tonta, pira cega, pega-pega, pira-pega e nó cego. Atestou-se que a designação pata cega foi documentada em 23 das 26 localidades selecionadas neste estudo, permitindo que se levante a hipótese de que pata cega seja uma unidade lexical tipicamente regional da região estudada, em contraste com a elevada concentração de cobra cega nas localidades investigadas em pesquisas que consideraram dados de outras regiões do país.