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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O DISCURSO NAS FORMAS DE CODIFICAÇÃO DO REAL E OS PROCEDIMENTOS DE SUBJETIVAÇÃO

Autores:
Katia Menezes de Sousa (UFG/UFU - UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS/UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA)

Resumo:

Este trabalho trata da relação entre o real e o discurso de verdade. A reflexão se dará em torno da questão colocada por Foucault no curso Subjetividade e verdade: “afinal, por que ademais do real há o verdadeiro?” A problematização incide sobre o jogo de veridicção que se soma ao real, transmudando-o, transformando-o. Esse jogo de veridicção seria um suplemento com relação ao real, e Foucault aponta três modos utilizados para situar e explicar a existência desse discurso em excesso, que aparenta reconstituir a prática real em forma de codificação e prover de verdade o que já estava assente nas condutas das pessoas. A primeira explicação é fundamentada pela repetição representativa, segundo a qual o papel do discurso é refletir o real. A segunda forma de explicar a relação entre o real e o discurso em excesso na produção da verdade é chamada por Foucault de denegação ideológica pelo fato de o discurso não ser considerado mais com a função de refletir o real, mas de escamoteá-lo. A interpretação leva em conta que o real não vai ser dito, vai ser escamoteado dele mesmo. A terceira forma de analisar as relações entre o real e o discurso é dada pela racionalização. A análise nestes termos considera que o discurso faça mais do que simplesmente representar o real ou escamoteá-lo, que ele opere sobre o real transformando-o pela própria operação do lógos, pela racionalização, fazendo com que o discurso transforme certas práticas numa espécie de regra universal de conduta, interligando elementos e chegando a modelos radicais. Com base nessas explicações para o regime de veridicção a propósito da relação entre o real e o discurso, o objetivo do estudo é problematizar os efeitos desses regimes na relação subjetividade-verdade e especular sobre outras possibilidades de procedimentos interpretativos não sustentados por sistemas prescritivos.