Imprimir Resumo


Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


TOPONÍMIA, HERÁLDICA E SEMIÓTICA: A ICONOGRAFIA DE TOPÔNIMOS EM BRASÕES MUNICIPAIS DE SERGIPE

Autores:
Cezar Alexandre Neri Santos (UFAL - Universidade Federal de Alagoas, UFBA - Universidade Federal da Bahia) ; Silvana Soares Costa Ribeiro (UFBA - Universidade Federal da Bahia)

Resumo:

Esta pesquisa descreve e analisa a inscrição linguística e iconográfica de nomes municipais nos 75 brasões municipais sergipanos. O exame foi motivado pela constatação de que essa heráldica municipal registra signos toponímicos tanto em sua forma linguística quanto iconográfica, motivando a interface entre Toponímia, Heráldica e Semiótica. Não interessam aspectos qualitativos dos respectivos brasões, mas a compreensão dos tipos de significação e o modo como elementos toponímicos se constituem como signos. Tomam-se Pierce (1999), Dick (1990a; 1990b) e Leino (2008; 2016), sendo inédita tal discussão na nomenclatura geográfica nacional. Pela análise do conteúdo, quanto à inscrição de topônimos como signos verbais, 56 (74,6%) deles materializam linguisticamente o respectivo topônimo municipal. Como resultados para a iconografia não verbal, alguns padrões foram descritos, tais como: i) se o referente toponímico for uma entidade místico-religiosa, então o brasão pode apresentar um ícone, um símbolo ou mesmo um referente de segunda ordem (uma igreja cuja proteção está a cargo da respectiva entidade); ii) se for uma personalidade histórica, então pode haver uma inscrição por meio de um ícone ou símbolo desta entidade; iii) se for um acidente físico, então pode haver a iconografia do acidente físico homônimo; iv) se for uma lexia comum, então pode haver a materialização desse signo linguístico; assim como v) se for uma lexia de origem indígena, então pode haver a materialização de seu significado etimológico ou mesmo de seu referente extralinguístico como ícone, dentre outras possibilidades. Assim, conclui-se que a heráldica pode ser tomada como receptáculo de referentes toponímicos, inscrevendo memória(s) local(is) e identidade(s) coletiva(s). Os dados apresentados certamente podem ser mais profundados pelo cotejo de brasões municipais de unidades federativas diversas, o que tende a confirmar padrões ou destacar especificidades da heráldica sergipana.