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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Formas de vida timorenses: reflexões a partir da obra de Luís Cardoso

Autores:
Alexandre Marcelo Bueno (UNIFRAN - Universidade de Franca)

Resumo:

A literatura não é apenas um instrumento de fruição estética, mas também meio de acesso a um mundo de conhecimentos formulados por uma dada cultura. A partir dessa premissa, este trabalho objetiva examinar, ainda como uma hipótese de pesquisa, a constituição das formas de vida próprias da sociedade timorense que se manifestariam na obra de Luís Cardoso. Em termos teóricos, recorre-se ao aparato conceitual da semiótica discursiva de linha francesa, desenvolvida por A. J. Greimas, e especificamente sobre o conceito ode forma de vida, elaborado por Jacques Fontanille. Resumidamente, a forma de vida subsume uma ética e uma estética, individual ou coletiva, depreendida por meio das interações entre sujeitos e a partir da qual é possível compreender como uma determinada cultura estabelece certas significações, as diversifica, as valida e as transforma. Em outras palavras, uma forma de vida seria um traço constitutivo de uma dada cultura e seu reconhecimento faria parte de um processo de diferenciação com outras culturas Apesar de vislumbrar o conjunto de seu trabalho literário, a proposta atual se deterá na primeira obra do autor timorense: Crónica de uma travessia – a época do Ai-Dik-Funam. Pelo seu caráter autobiográfico, espera-se, assim, refletir e discutir a existência de uma ética e de uma estética próprias à sociedade timorense, cujos traços se destacariam na obra do escritor timorense. Como um breve exemplo, podemos citar algumas características presentes no referido romance, como a mobilidade, a articulação entre tradição e modernidade, as tensões existentes entre práticas locais e globais, entre outras, que nos encaminham para a figura do exilado como uma forma de vida constitutiva da cultura timorense. Com o necessário aprofundamento da análise, esperamos elaborar a indicação de tal forma de vida em discursos constitutivos de outros gêneros, como a história e as narrativas míticas.