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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Ler e escrever na aula de português: De que leitura e de que escrita se está tratando?

Autores:
Claudia Stumpf Toldo Oudeste (UPF - Universidade de Passo Fundo)

Resumo:

O objetivo primeiro deste trabalho é propor uma discussão acerca da leitura e da escrita na escola, enquanto processos singulares de aprendizagens, ancorados numa visão enunciativa de linguagem. A fundamentação teórica que embasa este estudo, enquanto princípios teórico-metodológicos, são as reflexões do linguista Émile Benveniste, especificamente os construídos em sua Linguística da Enunciação, compilados em suas duas obras de referência Problemas de Linguística Geral I e II. Sabemos que os termos leitura e escrita não são objetos específicos de estudo de Benveniste, porém, com base em suas asserções sobre língua, linguagem, homem e sociedade, acreditamos ser possível um trabalho docente produtivo, em que ler e escrever se tornem atividades enunciativas nas quais locutores se propõem como sujeitos de seu dizer numa relação singular entre eu-tu-aqui-agora. A metodologia utilizada nesta proposta apresenta princípios qualitativo-metodológicos de análise de textos em diferentes situações de ensino de língua na escola, tomando o texto como unidade de ensino, especificamente nas atividades que envolvam a leitura e a escrita. A intenção é realizar estudos das marcas linguísticas usadas nos textos em análise, a fim de refletir sobre o engendramento dessas formas na constituição de textos – nas suas dimensões de leitura e de escrita – necessariamente enunciativas, na escola de educação básica, observando como construir sentido no texto. Os estudantes da educação básica têm o direito de serem sujeitos de sua leitura de mundo e da leitura da palavra que está a sua frente. Eles têm o direito de, pela sua leitura e pela sua escrita, serem sujeitos de seu dizer, porque simplesmente aprenderam a ler e a escrever. E isso se ensina. E se ensina na escola. Resultados disso já podem ser percebidos na escrita de alguns estudantes que tomam a língua e constroem, com ela, um aparelho de (diferentes e singulares) enunciações.