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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Heroína ou vilã: aspectos sobre a imagem da mulher em cargo de poder retratada pela mídia impressa brasileira

Autores:
Luciana Garcia Gabas Coelho (UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)

Resumo:

Em tempos de protagonismo feminino nos vários segmentos da sociedade brasileira e anseio por igualdade de direitos devido a participação efetiva no campo profissional e político, após séculos de hegemonia masculina, interessa-nos observar o tratamento dado à figura da mulher – ministra Cármen Lúcia- à frente do mais alto cargo do poder judiciário – Supremo Tribunal Federal- pelos veículos de comunicação da mídia impressa, revistas Isto É e Carta Capital. As duas capas selecionadas das revistas apresentam a mesma imagem da ministra, porém foram manipuladas de formas distintas para suscitar efeitos de sentido que denotam credibilidade ou incredulidade aos leitores. Os textos sincréticos são analisados com base na semiótica discursiva proposta por A. J. Greimas (s/d) e abordam os conceitos de semissimbolismo, figurativização e intertextualidade. Os diferentes elementos da linguagem verbal e não verbal que compõem os textos visuais como cor, imagem e a palavra escrita imprimem significados distintos a cada uma das capas analisadas com base na teoria greimasiana. Enquanto a revista Isto É apresenta uma composição que mantém a cor de pele e cabelos da mulher Carmen Lúcia incutida no cargo, Carta Capital pasteuriza a imagem da mesma em escala de cinza e enfatiza a cor vermelha que liga um personagem citado no texto a um determinado partido político, colocando a ministra em segundo plano e sua atuação sob suspeição. Ao observar as diferentes abordagens da figura feminina no poder, podemos supor que ainda persiste o pensamento hegemônico de um passado ressente o qual coloca em dúvida a capacidade da mulher para cargos relevantes na sociedade constituída.