Na contemporaneidade, os gêneros digitais ganham cada vez mais destaque e muitos alunos têm acessado canais no YouTube para visualizar comentários de Booktubers sobre livros. Assim, um dos propósitos deste trabalho é colocar essa nova prática de letramento em discurso, no contexto escolar, entendendo-se que ela não só possibilitará o incentivo à leitura, mas também a análise dos gestos argumentativos e os indícios de autoria presentes no discurso dos sujeitos-alunos ao discursivizarem, em ambiente virtual, sobre os livros lidos em sala de aula. Sabemos que o ambiente territorializado da sala de aula, sob supervisão do professor, e a obrigatoriedade de se seguir um modelo preestabelecido e padronizado da língua, já incorporado pela escola, contribui para o apagamento da argumentação dos alunos. Por outro lado, sabemos que argumentar é condição primordial para que o sujeito participe ativamente da sociedade. Partindo desses pressupostos, nosso objetivo foi investigar se o ambiente virtual é um meio facilitador para o desenvolvimento da oralidade e da argumentação, e se o discurso realizado em ambiente virtual indicia marcas de autoria e argumentação dos alunos ao debater textos de obras literárias. Para o desenvolvimento dessa pesquisa, recorreremos aos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de ‘linha’ francesa, cujo principal expoente é Michel Pêcheux. O trabalho do analista consiste em analisar a relação do sujeito com a linguagem, com as marcas enunciativas e com o silêncio. Nosso corpus será composto por vídeos, elaborados por alunos do 9º ano do ensino fundamental de uma escola municipal Ribeirão Preto/SP, constituídos por resenhas e produções orais realizadas a partir da leitura do livro Capitães da Areia, de Jorge Amado. A pesquisa encontra-se em fase final de coleta de dados e seus resultados parciais serão apresentados no evento.