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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


LETRAMENTO, ARGUMENTAÇÃO E AUTORIA NA PÓS-MODERNIDADE

Autores:
Soraya Maria Romano Pacífico (USP - Universidade de São Paulo)

Resumo:

A aquisição da escrita não é um acontecimento neutro, nem para o sujeito, nem para a sociedade; por isso, os estudos sobre letramento relacionam escrita a poder, mostrando como essas questões influenciam as relações sociais. Seguindo esse raciocínio, a aquisição da escrita pode provocar uma relação desigual de poder no tocante às práticas discursivas de argumentação e autoria, pois não é suficiente saber escrever para ocupar a posição de autor, tampouco para sustentar uma argumentação. Diante disso, este trabalho tem como corpus textos argumentativos escritos por sujeitos que frequentam a Escola Básica e o Ensino Superior a fim de analisar como as práticas discursivas de argumentação e autoria funcionam, nos diferentes graus de escolaridade e na pós-modernidade, época em que os sujeitos têm a ilusão de tudo poder dizer. Para isso, a Análise do Discurso fundada por Michel Pêcheux é a base teórica que sustenta as análises e a constituição do corpus, pois este já faz parte do trabalho do analista. Essa teoria discursiva concebe o sujeito como um efeito do discurso e ambos, sujeito e discurso, são sempre afetados pela língua, pela história e pela ideologia. Além disso, as condições de produção são fundamentais e interferem no processo de produção dos sentidos. Assim sendo, produzir textos no contexto contemporâneo, dentro da instituição escolar, seja ela Escola Básica ou Universidade tem implicações para a assunção ou interdição à argumentação e à autoria. Os textos escritos foram coletados durante as aulas com base em propostas de produção de textos argumentativos sobre discursos que afetam os sujeitos em suas práticas sociais. Os resultados apontam que grau de escolaridade não tem relação direta com a prática da argumentação e da autoria, pois está relaciona-se aos graus de letramento do sujeito e, sobretudo, à posição discursiva ocupada por ele para poder, ou não, dizer.