Consideramos que o estágio se constitui como um campo de conhecimento, o que significa atribuir-lhe um estatuto epistemológico que supera sua tradicional redução à atividade prática instrumental, pois enquanto campo de conhecimento, o estágio se produz na interação dos cursos de formação com o campo social no qual se desenvolvem as práticas educativas. Nesse sentido, o estágio pode se constituir em atividade de pesquisa e de ação a partir dela. Com essas concepções, enquanto professoras orientadoras desse componente curricular, ousamos propor uma dinâmica diferente no Estágio Obrigatório de Língua Portuguesa II para as turmas de Porto Murtinho e Miranda/MS do curso de Letras Português e Espanhol/EAD da UFMS, no último semestre do curso, em 2018.1. Nessa proposta, mudamos as concepções tradicionais das fases de observação, co-participação e regência em salas de aula convencionais e desafiamos os acadêmicos do 8º semestre do curso a, a partir de um tema previamente definido – variação, cultura e identidade linguística –, construir uma pesquisa, ir até a escola, aplicá-la, sistematizar e problematizar as informações coletadas à luz da Teoria Sociolinguística e retornar para a escola devolvendo o resultado da pesquisa em forma de minicurso para os mesmos sujeitos envolvidos no estudo. Paralelamente a essas atividades os acadêmicos deviam elaborar um documentário em forma vídeo, sobre o mesmo tema, e apresentá-lo em um evento cultural, aberto ao público geral, que eles deveriam organizar e que teria a mesma função do “Relatório Final de Estágio” comumente solicitado ao final do processo. A experiência foi surpreendente para nós que, ao participar de todas as etapas pré-estabelecidas, conseguimos observar o engajamento e responsabilização de todos os acadêmicos nas várias ações e competências que subjazem o trabalho docente muito além da sala de aula.