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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Universos e versões de ser mulher: diálogos entre obras de Carolina Maria de Jesus e Chimamanda Ngozi Adichie

Autores:
Fabiana Bigaton Tonin (IFSP - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia)

Resumo:

Sensibilizar o aluno para que ressignifique e questione os “rótulos” que as obras literárias, por vezes, recebem é uma das bases do letramento literário. Comumente, novas propostas de leitura mediadas pelo professor podem promover deslocamentos de classificações. Assim, vislumbram-se renovadas possibilidades de leituras e apropriações à comunidade de leitores (COSSON, 2014), discutindo-se, por exemplo, a atualidade e a permanência (ou não) (COSSON, 2009) de determinados textos, bem como os diálogos que se podem estabelecer entre obras. Considerando-se que a escola deveria ser o espaço para a abertura e para a ruptura com convenções (especialmente as mais esvaziadas ou mais desgastadas), o cânone merece ser revisto e repensado para que haja, de fato, incremento do repertório dos alunos e a literatura encontre, dentre tantas funções, de fato, seu caráter social e formativo (CANDIDO, 2004).

O objetivo deste trabalho é apresentar uma proposta de sequência didática (SD), incluindo sequências de letramento literário (COSSON, 2009) desenvolvidas com alunos do 2o ano do Ensino Médio Integrado (Informática). Essas atividades privilegiaram obras literárias “não canônicas”, buscando promover debates, sensibilização e análise crítica. As bases foram Quarto de despejo – diário de uma favelada (1960), de Carolina Maria de Jesus e Para educar crianças feministas (2017), de Chimamanda Ngozi Adichie. A partir das leituras, organizaram-se rodas de conversa. Posteriormente, os alunos compuseram uma produção de texto entrelaçando a apreciação das obras a debates em que se discutiu assuntos como estereótipos e a violência contra a mulher. Desse modo, buscou-se oportunizar o enriquecimento do repertório cultural, bem como a discussão literária sobre obras “não tradicionais”. Ao final, a produção autoral reforçou o diálogo entre alunos, literatura e questões contemporâneas, como violência, papéis de gênero, construção de memórias individuais e coletivas e a importância da leitura e escrita literária como formas de resistência e construção da identidade.