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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


DA AQUISIÇÃO INCONSCIENTE À APRENDIZAGEM CONSCIENTE: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DO OBJETO DIRETO ANAFÓRICO

Autores:
Sabrina Casagrande (UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul) ; Leonor Simioni (UNIPAMPA - Universidade Federal do Pampa) ; Cristina de Souza Prim (UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná)

Resumo:

Objetivamos apresentar reflexões e encaminhamentos que possam contribuir para a construção de uma proposta de ensino do objeto direto anafórico (ODA). As mudanças ocorridas no paradigma pronominal do Português Brasileiro ocasionaram a extinção do clítico acusativo de terceira pessoa, variante do ODA que ainda aparece na gramática da norma culta. Dados de aquisição da linguagem mostram que as crianças brasileiras não adquirem mais o clítico, mas apenas outras opções adotadas também por adultos: a retomada por sintagma nominal, por pronome reto e por objeto nulo (CASAGRANDE, 2007; 2010). Mesmo na fala de adultos com ensino superior completo, Casagrande (2010) constatou que não há emprego do clítico. Já Duarte (1989) mostra que o clítico aparece em 4,9%, sendo privilegiado em falantes com alto nível de escolaridade. Ou seja, o papel da escola é fundamental para o domínio desta variante. Com base nos estudos de Casagrande e Rossi (2018), Oliveira (2007) e Costa (2010), que analisaram textos orais e/ou escritos de crianças do Ensino Fundamental, verifica-se que algo que não faz parte do input da criança em aquisição se torna de difícil aprendizagem. Por conta disso, assumimos, com base em Kato (1999), que adquirir uma língua materna é diferente de aprendê-la. Kato (1999) argumenta, dentro da perspectiva inatista-chomskyana, que o processo de aquisição de uma língua materna é inconsciente; no entanto, a partir do momento em que a criança passa a ter instrução formal da língua, pelo adulto, temos um processo de aprendizagem que ocorre de forma consciente por parte da criança; é o momento em que ela começa a perceber que precisa prestar atenção nas formas linguísticas e, por consequência, passa a refletir sobre elas.  Assim, cabe ao professor de língua portuguesa conduzir um estudo reflexivo sobre a linguagem, levando em consideração as variantes linguísticas em uso.


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