A compreensão de ser humano como sujeito historicamente situado que se desenvolve por meio das constantes interações com o outro através da linguagem, permite afirmar que, pelo viés bakhtiniano, não há como conceber o indivíduo fora do discurso que produz. O discurso, portanto, é a língua em sua integridade concreta e viva.  A linguagem só vive na comunicação dialógica que constitui o verdadeiro campo da vida da linguagem, sendo esta capaz de revelar marcas da cultura, ideologia, relação de poder, lugar que ocupa. Numa atitude responsiva aos diálogos travados no âmbito do Mestrado em Ensino(PPGEN) sobretudo nas aulas das disciplinas eletivas de “Alfabetização e Escolarização” e “Práticas de Ensino em Leitura, Escrita e Oralidade em Contextos de Plurilinguismo”, à luz do Círculo de Bakhtin e nas inter-relações com outros textos, o presente trabalho tem o propósito de refletir sobre a alfabetização, numa perspectiva dialógica da linguagem. Aponta a necessidade do uso de gêneros discursivos que transitam na fronteira no processo de apropriação de leitura e escrita pela criança. Alicerçados na Teoria Histórico-Cultural de Vygotski(2000) e nos pressupostos de alfabetização linguística de Cagliari(1979), defendemos que o domínio e o uso da leitura e da escrita possibilita o acesso à cultura letrada e amplia as possibilidades de participação social. Assim, busca promover um diálogo-resposta, inscrito na singularidade do meu existir-evento. Um diálogo inconcluso proveniente da conjugação entre teoria e prática, em que os saberes adquiridos na formação se somaram à experiência docente, em classes de alfabetização, e induz a repensar sobre os modos de ensinar e alfabetizar na fronteira.