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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


INSUBORDINAÇÃO DE CLÁUSULAS COMPLETIVAS VOLITIVAS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: UMA ABORDAGEM FUNCIONALISTA

Autores:
Gabriela do Couto Baroni (UFES - Universidade Federal do Espírito Santo) ; Violeta Virginia Rodrigues (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo:

Este trabalho, de base teórica funcionalista, tem por objetivo analisar o fenômeno da insubordinação de cláusulas completivas volitivas no português brasileiro.

As cláusulas insubordinadas, segundo Evans (2007), são aquelas que, apesar de ainda preservarem algumas características de uma cláusula subordinada, parecem sintática, semântica e pragmaticamente completas, comportando-se, portanto, como principais ou independentes.

No Brasil, o fenômeno que ora investigamos tem sido estudado por Decat (2011) sob o nome de desgarramento. As estruturas desgarradas, conforme Decat (2011), são aquelas que, embora consideradas subordinadas e dependentes pela Gramática Tradicional, têm sido utilizadas, tanto na fala quanto na escrita em português, de forma solta e isolada, constituindo um enunciado independente, uma unidade informacional.

Para Decat (2011), as cláusulas mais propícias ao desgarramento são as hipotáticas adverbiais e as relativas apositivas. No entanto, em nosso corpus, composto por mensagens de votos e saudações que circulam na internet e em redes sociais, observamos que completivas com sentido volitivo têm sido recorrentemente usadas de forma desgarrada, como acontece em “Que coisas boas se multipliquem”, constituindo, nos termos de Evans (2007), uma cláusula insubordinada. Uma análise preliminar e qualitativa dos dados indica haver uma forte relação entre o grupo semântico do verbo, neste caso, o volitivo, e a insubordinação – ou desgarramento – das completivas em português brasileiro.

Desse modo, pretendemos, neste trabalho, analisar a insubordinação de cláusulas completivas volitivas em português e, por consequência, ampliar a descrição das desgarradas apresentadas por Decat (2011). Este estudo pode também colaborar para as pesquisas sobre a integração sintático-semântica entre cláusulas, uma vez que aponta para a “independência”, tanto sintática quanto semântica, que as estruturas aqui investigadas assumem no contexto discursivo.