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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Um estudo das anáforas indiretas em contos produzidos por estudantes do ensino médio

Autores:
Caio Cesar Castro da Silva (CEFET/RJ - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA)

Resumo:

Neste trabalho, analisamos as ocorrências de anáforas indiretas em textos narrativos produzidos por alunos do ensino médio. Conforme definido na literatura (SCWARZ, 2000; MARSCUSCHI, 2001; KOCH, 2008), as anáforas indiretas são um fenômeno que pode ser observado a partir da ideia de associação, em que um sintagma nominal é introduzido no discurso sem que haja um antecedente explícito no co-texto ou no contexto sociodiscursivo. No geral, esses casos ativam frames com os quais os usuários da língua podem contar na construção dos sentidos do texto.

O objetivo é, de forma geral, observar como a anáfora indireta atua na produção de sentido e, mais especificamente, perceber quais estratégias de referenciação anafórica indireta são utilizadas pelos alunos.

Nosso corpus foi constituído com base em textos produzidos, em uma oficina de contos, por alunos do ensino médio de um escola técnica federal. Essa oficina pretendeu, entre outras coisas, promover a leitura de contos de terror, que por vezes é escanteado no ensino de língua materna, e apresentar aos participantes as principais características desse gênero textual, o que resultou em uma coletânea de 40 textos.

Um exemplo dos nossos dados que ilustra a ocorrência de casos de anáforas indiretas está em (1) cuja ativação do frame “casa” é fundamental para a recuperação dos referentes cognitivamente:

  1. Pouco tempo depois, Chapeuzinho chegou à casa. Empolgada para ver sua vozinha, ela escancarou a porta e foi correndo para o quarto da avó. Lá, deu de cara com o lobo mau vestido como ela, segurando as cobertas para tampar parte de seu rosto de fera.

Em linhas gerais, os resultados preliminares apontam para o fato de que as estratégias de referenciação anafórica indireta são um importante recurso na construção dos sentidos do texto, empregado pelos produtores sem que haja um elemento para ancorar seus referentes.