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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O PEQUENO EXU E A POLIFONIA DAS CONSCIÊNCIAS EM 'DEMÔNIO FAMILIAR', DE JOSÉ DE ALENCAR

Autores:
Fabio Rodrigo Penna (IFFLU - Instituto Federal Fluminense)

Resumo:

Escrita em 1857, a peça teatral O demônio familiar, de José de Alencar, reconhecida como uma de suas melhores, obteve repercussão imediata sendo encenada pela primeira vez no dia 5 de novembro do mesmo ano. Considerada como comédia realista, a peça rompe com o romantismo teatral e introduz nos palcos a discussão a respeito de problemas sociais. Discutindo abertamente o tema da escravidão na sociedade brasileira, na relação íntima existente entre senhor e escravo, o enredo retrata as história das peripécies de um menino cativo e ambicioso, considerado um demônio para a família de bem, o qual deseja casar os patrões com parceiros mais abonados financeiramente. A presente comunicação tem por objetivo apresentar uma leitura da obra O Demônio familiar, do escritor José de Alencar, que analise as polifonias das consciências segundo a dialética hegeliana entre o senhor e o escravo. Daremos destaque para a representatividade da autoconsciência de escravo do pequeno Pedro, um pequeno Exu, a mola propulsora na dialética na libertação de si e do amo da escravidão.  Essa peça teatral reflete o sucesso de público do dramaturgo Alencar, mas também seu pendor para a polêmica. Além de a obra questionar a escravidão, a mesma denuncia a presença do escravo dentro dos lares das famílias brasileiras como herança colonial que deve ser suplantada, embora José de Alencar, como deputado conservador,  fosse declaradamente escravocrata.