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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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As marcas linguísticas na construção de imagens de vítima e agressor em inquéritos policiais

Autores:
Maria de Fátima Silva dos Santos (UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco)

Resumo:

O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados de uma pesquisa que teve como objeto de investigação as representações discursivas de vítima e de agressor em textos de inquéritos policiais. O objetivo geral da pesquisa foi investigar a composição das representações discursivas de vítima e de agressor em inquéritos policiais. Como objetivo específico, analisou o modo como a composição de uma representação (vítima, agressor) contribui para a construção de sentidos nos textos dos inquéritos analisados. O trabalho insere-se no âmbito teórico geral da Linguística de Texto, mais especificamente, na Análise Textual dos Discursos (ATD), proposta por Adam (2011). Inserida no paradigma qualitativo de caráter descritivo, trata-se de uma pesquisa documental, cujo corpus é constituído por nove inquéritos policiais relacionados com crimes de violência praticados contra a mulher. Nos procedimentos de análise, utilizamos as categorias teóricas da representação discursiva, como a referenciação, a predicação, a modificação, a localização espaço-temporal, a conexão e a comparação. Nos resultados, evidenciamos que as representações discursivas de vítima e de agressor são construídas de modo diverso, nos vários documentos do inquérito, conforme as perspectivas (ou pontos de vista) das fontes enunciativas por intermédio das quais se tenta reconstituir o fato imputado como delituoso – a agressão contra uma mulher. Em função de suas ações de linguagem (visadas, objetivos), em situações enunciativas marcadas por uma delegacia de polícia, tem-se a construção discursiva de uma imagem institucionalizada por vozes (enunciadores) documentadas e, como tal, instituídas como fontes autorizadas de um dizer constitutivo da figura jurídico-policial “vítima”. Desse modo, a partir do que dizem nos textos, as representações de “vítima” e de “agressor” podem ser consideradas, enunciativamente, como o efeito de estratégias argumentativas no sentido de promover ações discursivas próprias da formação sócio-discursiva jurídico-policial.