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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Horizontes goianos: paisagens de água, terra e homem na poesia de José Godoy Garcia

Autores:
Regina Célia dos Santos Alves (UEL - Universidade Estadual de Londrina)

Resumo:

José Godoy Garcia (1918-2001), embora uma das vozes mais interessantes e instigantes da poesia brasileira no século XX, continua um escritor desconhecido pela maioria do público leitor comum e pela crítica especializada, obscuridade esta que pode encontrar razões em diferentes lugares, menos na qualidade de sua poesia, de valor inegável. Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo a abordagem de alguns poemas do escritor com vistas a observar como o mundo goiano se constrói em sua poesia por meio de paisagens que, a todo momento, põem em destaque o movimento ininterrupto do sujeito com o seu entorno, com o mundo natural, do qual participa e é parte. No jogo dialético estabelecido, as paisagens se multiplicam e com elas também o homem, parte inerente de todas as coisas, pois, como afirma o poeta, “sou imóvel andando, que este chão é parte/ de meu corpo e me envolvo na imobilidade do céu”. Para o trabalho proposto, interessa-nos, sobretudo – partindo da perspectiva de que a paisagem se define como  percepção particular de um espaço a instaurar uma forma de conhecimento holístico -, atentar para o modo como José Godoy Garcia significa o espaço goiano ao construir paisagens em que a água, a terra e o homem são elementos intercambiáveis e indissociáveis – não obstante se revelarem no jogo por vezes paradoxal entre o próximo e o distante, o mesmo e o outro – de um todo maior, que existe em um processo continuado de transformações - configurações, refigurações e transfigurações-,  a apontar para a expressão de um habitar o mundo, em todas as suas instâncias e dimensões, que a poesia do autor revela com grande e insuspeitada beleza.