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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A roupa fala e o ensino de língua portuguesa para estrangeiros

Autores:
Maria José Nélo (UEMA - Universidade Estadual do Maranhão) ; Lívia Cristina Silva Reis (UEMA - Universidade Estadual do Maranhão)

Resumo:

Esta comunicação trata do ensino de português para estrangeiros numa perspectiva dialógica da qual emergem sentidos e identidades culturais representadas na crônica “A roupa fala”, de Leonardo Borba. Tais representaçõestrazem em si símbolos e regras socioculturais de um povo e transmitem informações sobre quem são, o que pensam e o que fazem os seus membros (ROCHA, 2004). Aquiloque se faz e o que se consome são materializações culturais que mobilizam discussões variadas, desde o modo de se vestir, que equivale a um sistema de signos com o qual se expressam aspectos subjetivos e contextuais, à variação vocabular (peças de roupa), gramatical (convenções e combinações) e semântica (LURIE, 1997). Objetiva-se, assim, contribuir com o ensino de português como língua adicional levando-se em conta as formas como falantes nativos e estrangeiros identificam-se e comunicam-se por meio do vestir. Pauta-se em concepções da Análise Crítica do Discurso, com vertente sociocognitiva (VAN DIJK, 2000 e 2012), visto que o discurso e a linguagem em geral envolvem conhecimentos apreendidos em contextos sociais. A metodologia consiste em diagnóstico da situação de ensino-aprendizagem, na produção e na aplicação de material didático com base na crônica, texto que trata de acontecimentos do cotidiano. Os resultados alcançados indicam que: a) vestimentas envolvem um conjunto de informações simbólicas, metafóricas, valores e regras que subjazem às atribuições de designações linguísticas, como atributos culturais e ideológicos; b) estereótipos e tipos de vestimentas brasileiras causam estranhamentos culturais aos estrangeiros; e c) designações e significados do modo de vestir de cada grupo social em relação ao Outro. Diante do exposto, a tipificação de trajes e vestimentas permite aos sujeitos vestirem-se de significados mediante cores, tecidos e modelos que manifestam subjetividade e “falam” sobre suas representações de mundo, suas formas de distinção e pertencimento social.


Agência de fomento:
Universidade Estadual do Maranhão