Pensar em formação de leitor literário é motivo de grande responsabilidade e preocupação entre professores e pesquisadores que entendem a literatura como processo criativo que embasa, norteia e traça relações com o mundo real. A leitura é um processo que envolve o texto, o leitor, o autor e todas as experiências, sentidos e referências que tramitam no intenso diálogo entre mundo real e de ficção, entre fantasia e realidade.

E é nesse processo de reflexão que este texto propõe possibilitar um diálogo entre o conto Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector e a obra Olavo, de Odilon Moraes, estabelecendo reflexões sobre a formação do leitor literário e suas implicações nas relações eu/outro.

A partir desses textos, serão observados caminhos que a tensão entre palavra e imagem produzem, levando a reflexões sobre as relações humanas e as fronteiras existentes entre literatura e formação do leitor.

A análise será fundamentada nos estudos de Michel Maffesoli, com reflexões sobre o indivíduo fragmentado, representado pelo homem da pós-modernidade, em diálogo com os desafios que Giorgio Agamben propõe sobre a contemporaneidade. Essas relações serão reforçadas pelas percepções apresentadas, em sala de aula, por alunos do Ensino Fundamental II, de uma escola da rede particular de ensino, em São Paulo.

A literatura quebra com a convenção, com o pensamento impulsivo e automático, possibilita experiências sensoriais de mundo, fazendo com que tudo vire espaço de intersecção. Em uma época de movimentos rápidos, de instabilidades e incertezas, faz-se necessário compartilhar, analisar e discutir sobre essas narrativas que rompem com as barreiras das aparências e se revelam pela profundidade de sentimentos e ideias.