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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


MULHER QUE DÁ SAMBA: UM EXERCÍCIO DE LEITURA DA FEMINILIDADE

Autores:
Beatriz dos Santos Feres (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Rosane Santos Mauro Monnerat (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Fábio André Cardoso Coelho (UFF - Universidade Federal Fluminense)

Resumo:

Em Discurso político, Charaudeau (2006) explica que o homem, embora dominado por um mundo que se impõe a ele por meio de sistemas de representações sociais, é ele mesmo quem os constrói. A partir do senso comum e envolto por uma rede de relações sociais, o indivíduo conhece a realidade por suas lentes, absorvendo dados, comportamentos e axiologias. Contudo, já que a sociedade “pensa”, como defende Moscovici (2015), em seu dinamismo caraterístico, esses sistemas podem ter suas “verdades” desconstruídas e reconstruídas pela interação social do indivíduo na sociedade. Com esse pressuposto, propõe-se aqui analisar alguns aspectos da feminilidade em letras de sambas cujo tema é a mulher, a partir de elementos linguístico-discursivos e estilísticos, a fim de verificar o ethos mostrado (Maingueneau, 2008) em canções que revelam maneiras distintas de ser e parecer mulher. Nesse espaço de representações, por meio da interseção entre o efetivamente dito e o não dito - ou sugerido - o sujeito interpretante será levado a reconstruir esse sentido indireto, mas verossímil, a partir das pistas que lhe serão sugeridas pelos sujeitos enunciadores, com apoio na seleção lexical precisa e oportuna, nos recursos expressivos e, ainda, no desvelamento das “faces” (GOFFMAN, 1999) das personagens femininas, desdobradas em sua dupla identidade social e discursiva (CHARAUDEAU, 2009). Ainda pela expressividade linguística e pelo estilo, serão destacados fenômenos da linguagem carregados de valores afetivos e evocatórios (MONTEIRO, 2005; GUIRAUD, 1970) que revelam a intencionalidade discursiva das letras. As análises estarão fundamentadas, sobretudo, na Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso e na Estilística. Trazendo à memória o acontecimento discursivo do comportamento social da mulher na história, será possível compreender melhor as transformações identitárias desse sujeito mulher em sua busca por um espaço público na sociedade moderna.