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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


ANÁLISE FUNCIONAL DO PRONOME REFLEXIVO SE COM VERBOS NÃO ACIONAIS EM DESCRIÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA

Autores:
Maria Soares de Araújo (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Denilson P. de Matos Matos (UFPB - Universidade Federal da Paraíba)

Resumo:

Este estudo tem como objetivo apresentar uma análise do pronome se reflexivo com verbos não acionais em termos de descrição e mudança linguística.  Nesta perspectiva, discussões sobre variável prototípica, dessemantização e gramaticalização oriundas  do funcionalismo da escola do oeste norte americano (Givón, Traugott, Hopper) contribuíram para esta investigação. Cunha e Costa (2001) entendem que codificação consistente do evento prototípico pode ser explicada pela saliência cognitiva que esses eventos refletem. Bachelet e Nunes (1942) entendem que os pronomes pessoais oblíquos reflexivos de terceira pessoa são variantes do pronome pessoal reto e que atuam mais particularmente fazendo referência a pessoa. Cunha, Oliveira e Martelotta (2003) compreendem que, nos estudos funcionalistas, mudança e variação estão sempre presentes e as categorias não são discretas. Lopes (2010) compreende a persistência e a decategorização no processo de gramaticalização das categorias como estágios intermediários em que formas em conflito se distribuem irregularmente entre falantes e ouvintes e a mudança não afeta o sistema em sua totalidade de forma abrupta e repentina, mas que pode ocorrer duas variáveis em um mesmo estágio de mudança.  A análise do pronome reflexivo se com verbos não acionais, em um corpus de uso da língua portuguesa de um acervo on-line da Linguoteca, destinado ao público, elaborado por pesquisadores da PUC/SP, demonstrou que existe uma instabilidade no uso do pronome como categoria e como partícula verbal, apontando para um estágio intermediário das duas formas (se-categoria e se-partícula) em conflito no processo de gramaticalização.