A proposta do presente estudo foi comparar a ortografia de dois dos fonemas que remetem à classe das consoantes líquidas do PB – /l/ e /r/ – na segunda posição de ataque complexo e de  coda simples. Levou-se em conta que (i) os sons da classe das líquidas são os últimos a serem adquiridos no inventário fonético da criança e (ii) e as posições em que eles estão inseridos influenciam essa aquisição. Os dados foram extraídos de narrativas de crianças que frequentavam o 1º ano e o 2º ano de uma escola pública no município de Marília (SP). Como resultados, encontramos, na segunda posição de ataque complexo: 95,7% de acertos / 4,3% de erros (1º ano), e 94,2% e 5,8% de erros (2º ano). Na coda simples: 77,1% / 22,9% e 90,5% / 9,5%, respectivamente. Dentre os erros do 1º ano, no ataque complexo, todos corresponderam a omissões. Já na coda, as omissões prevaleceram, seguidas das substituições e das transposições. No 2º ano, o ataque apresentou mais omissões, seguidas de transposições e, por fim, de substituições. Na coda, foram, na sequência, mais omissões, seguidas de substituições e transposições. Quanto ao primeiro objetivo: a grande diferença entre acertos e erros mostra que as crianças vêm tendo bastante êxito em suas práticas de alfabetização. Quanto ao segundo, o predomínio de omissões sugere que as crianças tendem a projetar em sua escrita o padrão silábico universal CV. Quanto ao terceiro, a mudança de tipos de erros tanto na segunda posição do ataque, quanto na coda, sugere o efeito das práticas de alfabetização, já que as crianças não só omitiram grafemas, mas também os transpuseram e os substituíram, aproximando-se, portanto, mais da escrita convencional pelo fato de já terem registrado os grafemas (mesmo que fora de sua posição esperada ou do tipo esperado).