As crenças dos professores em formação, sua dinamicidade no contexto da graduação, à medida que eles têm contato com conhecimento acadêmico e prático, e sua relação com as práticas docentes que desenvolvem dentro de seu curso têm adquirido cada vez mais relevância no campo da Linguística Aplicada (BARCELOS, 2006; 2007; RICHARDSON, 1996; BASTURKMEN, 2012; SILVA, 2007). Este estudo de caso qualitativo (ANDRÉ, 2013) tem por objetivo investigar e analisar as mudanças nas concepções de um professor em formação, aluno de um curso de licenciatura em LE, a respeito do ensino de cultura e interculturalidade em aulas de PLE em um curso pré-PEC-G (contexto bastante heterogêneo e pluricultural), após cinco meses de experiência docente e sessões de orientação com o pesquisador. Foram analisadas duas entrevistas e vários autorrelatos do sujeito da pesquisa, em que descreve suas aulas e reflete acerca das práticas ministradas junto aos alunos, e algumas aulas foram observadas (LÜDKE; ANDRÉ, 2017; ABRAHÃO, 2006). Os dados coletados permitem observar o processo de alteração do sistema de crenças, as resistências a essas mudanças e as contradições entre o modelo apreendido pelo sujeito durante sua experiência no processo de aprendizagem da LE que estuda, com pouca ou nenhuma ênfase para a cultura com “c” minúsculo (KRAMSCH, 2013), e a necessidade relatada por ele da abordagem de cultura e interculturalidade, ainda que pouco traduzida na sua incipiente prática docente. Assim, pode-se reforçar a importância de uma formação docente com base em uma prática mais reflexiva, especialmente em relação a tópicos que ensejem mudanças em sistemas de crenças ditas centrais (ROKEACH 1968 apud BARCELOS, 2007) – no caso em questão, o papel da cultura e o desenvolvimento da competência comunicativa intercultural (NÓBREGA, 2010; KRAMSCH, 1998; BYRAM, GRIBKOVA, STARKEY, 2012) dos alunos de PLE em contexto de aprendizagem pluricultural e de imersão.