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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A PERSUASÃO DOS NARRADORES EM MAYOMBE, DE PEPETELA

Autores:
Dayse Oliveira Barbosa (USP - Universidade de São Paulo)

Resumo:

Esta pesquisa tem por objetivo evidenciar como os diferentes narradores dos subcapítulos do romance Mayombe, intitulados “Eu, o narrador, sou...” – na sequência, o nome do narrador personagem – visam à persuasão do leitor a favor da guerra de independência angolana. O romance Mayombe é narrado em terceira pessoa, por um narrador onisciente, que pode ser considerado o narrador principal do enredo. Os subcapítulos “Eu, o narrador, sou...” inserem-se nos capítulos do romance comentando e, às vezes, esclarecendo sobre um acontecimento da narrativa. Cada um desses subcapítulos é narrado em primeira pessoa, por um narrador-personagem, que apresenta ao leitor o próprio ponto de vista acerca de uma ocorrência importante do enredo. Ao inserir vários narradores na obra, o narrador principal demonstra que a guerra de independência angolana foi formada por diferentes pontos de vista. Cada um desses narradores utiliza-se de significativas estratégias de persuasão para sustentar seu ponto de vista. Ao analisarmos, a partir dos estudos de Ingedore Koch, Luiz Antônio Ferreira, Ruth Amossy, José Luiz Fiorin e Fábio Souza Trubilhano as estratégias de persuasão presentes nos subcapítulos “Eu, o narrador, sou...”, compreende-se com maior clareza que o ponto de vista sustentado por cada um dos narradores-personagem é construído de acordo com a etnia e o lugar social ocupado por aquele narrador. Dessa forma, depreende-se que o ponto de vista nunca é neutro, mas marcado pelos posicionamentos adotados por quem “olha”, no caso de Mayombe, o narrador em terceira pessoa e os narradores-personagem.