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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Banditismo, encarceramento e resistência em Le Gang des Antillais, de Loïc Léry

Autores:
Vanessa Massoni da Rocha (UFF - Universidade Federal Fluminense)

Resumo:

Essa comunicação analisa o trinômio banditismo, encarceramento e resistência a partir do estudo do romance Le Gang des Antillais, de Loïc Léry, publicado em 1985 e reeditado em 2016, quando da aparição de filme homônimo.

O romance, de claros contornos autobiográficos, se constitui de uma narrativa em primeira pessoa escrita por Jimmy Larivière durante seu encarceramento de sete anos na prisão francesa de Fleury Mérogis, onde cumpriu pena por assaltos a postos do correio e a banco. Larivière, de origem martinicana – ilha caribenha que foi colonizada pela França entre 1635 e 1946 – imigra para a França no âmbito do programa governamental do BUMIDOM (escritório para desenvolvimento das migrações interessando aos Departamentos de além mar) e acaba por viver um Eldorado às avessas. O programa (1963-1981) buscava estimular a imigração de antilhanos para a França metropolitana para reduzir os efeitos da crise açucareira, do crescimento demográfico e do altíssimo desemprego nas ex-colônias caribenhas

Contudo, a viagem para a antiga metrópole descortina uma série de exclusões: o personagem descobre os revezes atribuídos à sua cor negra, desenvolve problemas identitários e psicológicos, têm dificuldades para conseguir emprego, sobrevive em condições precárias, experiencia a fome e a solidão e mantém um relacionamento com uma franca que valoriza apenas sua performance sexual. Diante de tantos revezes e exclusões da malha social, Jimmy se une a outros excluídos, forma a gangue dos antilhanos e inicia uma série de roubos para sobreviver em Paris. Muito rapidamente, transforma os crimes numa espécie de revanche subversiva contra os desmandos e explorações do sistema francês.

Nosso estudo se inspirará em textos de Aimé Césaire, Frantz Fanon, Patrick Chamoiseau, Lilian Thuram, Jean Dumont, Samuel Marc, Gladys Marivat, entre outros, para aprofundar as reflexões sobre pós-colonialidade, violência, opressão, encarceramento, identidade e para compreender as premissas de se “escrever em país dominado”.