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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Impactos do PISA no Brasil: a (in/ex)clusão formando os sujeitos do século XXI

Autores:
Márcia Aparecida Amador Mascia (USF - Universidade São Francisco)

Resumo:

A presente proposta, que faz parte do Grupo de Pesquisa “Estudos Foucaultianos e Educação” e da bolsa produtividade, CNPq (2017-2020), consiste em empreender uma análise do discurso dos documentos do PISA (Programa Internacional dos Estudantes) encontrados nos sites da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no Brasil e, também, de reportagens da mídia, veiculadas no Brasil. A partir do escopo teórico dos estudos arquegenealógicos de Foucault, o trabalho tem como objetivo levantar as emergências discursivas que apontam para novos dispositivos de governamentalidade engendrados pelo PISA. Considera-se por governamentalidade uma multiplicidade de práticas de governamento que tomam como alvo uma população e os saberes da economia como estratégias de ação (FOUCAULT, 2008), incluindo aí, as avaliações externas. Nestes termos, os países são livres para fazerem parte do PISA ou não, mas aqueles que o fazem proporcionam um sentimento de bem-estar em relação à economia, à política e à educação. Por sua vez, as conclusões temporárias da análise apontam que, ao invés de promover o desenvolvimento em Educação, os testes reforçam a exclusão, pelo discurso da meritocracia, através do qual os estudantes dos países ricos supostamente têm alcançado altas posições nos rankings devido a sua inteligência superior ou pelo seu próprio esforço, apagando todo o contexto social. Em relação ao Brasil, os estudantes da classe alta e brancos, que têm acesso a recursos pedagógicos, a maioria das escolas privadas, estão no topo dos escores, por sua vez, os pobres, os afrodescendentes e os indígenas, que frequentam as escolas públicas, alcançam as piores posições, exacerbando a desigualdade racial e de classe. Pode-se concluir que o PISA funciona como um mecanismo de governamentalidade de promoção de exclusão no Brasil em relação ao próprio país e em relação aos outros países.


Agência de fomento:
CNPq