A língua falada possui características específicas, decorrentes do vínculo estabelecido entre falante e ouvinte, próprio da interação face a face. 
Diferentemente do que pode considerar o senso comum, a produção e a 
recepção do texto oral é complexa, uma vez que o planejamento e a execução 
ocorrem quase simultaneamente. Essa complexidade se contrapõe também a 
afirmações que julgam a língua falada como uma modalidade sem regras, 
informal, em contraponto à língua escrita. Assim, seu ensino deve estar 
pautado em uma concepção dialógica e interacionista da linguagem, verificando a oralidade como uma modalidade de uso da língua com características e regras próprias, diferentes daquelas da escrita, mas não em uma perspectiva dicotômica, e sim dentro de um continuum. Logo, este trabalho tem como objetivo examinar o ensino da oralidade e de gêneros discursivos orais na Base 
Nacional Comum Curricular (BNCC), área de Língua Portuguesa. Para tanto, 
recorreu-se à pesquisa documental, à Análise de Conteúdo e à pesquisa 
bibliográfica, essa centrada nos estudos da Análise Dialógica do Discurso e nos trabalhos do Círculo de Bakhtin. A análise do documento revela uma visão 
interacionista e dialógica da linguagem/oralidade, todavia a língua falada ainda é muito estudada em relação à escrita, subordinando aquela a essa modalidade de uso da língua. Vale ressaltar, contudo, que o documento apresenta importante avanço no que tange à concepção e ao conceito de oralidade e dos gêneros orais.