Imprimir Resumo


Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Verbetização em âmbito escolar: gênero, língua e sexualidade

Autores:
Jonathan Ribeiro Farias de Moura (FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz)

Resumo:

Em tempos de "Escola sem Partido", refletir sobre gênero e sexualidade parece ser uma medida intocável. No entanto, como não convidar/incentivar o(a) aluno(a) a refletir sobre as relações sócio-histórico-culturais? Partindo do pressuposto que todos somos atravessados por ideologia (Pêcheux, 1975), a reflexão sobre a Língua Escolar pode ser proposta de maneira crítica para que o(a) aluno(a) possa construir sua autonomia intelectual. Vários trabalhos na área de Educação denunciam um sentido normatizador e fechado em que reduz o ensino a um decorar sem fim. Entretanto, ao trazer uma reflexão sobre gênero, língua e sexualidade, há um questionamento do status quo estabelecido na sociedade. Por isso o movimento conservador (Escola sem Partido) se incomoda ao presenciar as possibilidades de mudança que um ensino reflexivo pode proporcionar. Embasado na escola francesa de Análise de Discurso e nas reflexões sobre a História das Ideias Linguísticas, este trabalho propõe uma discussão sobre a Língua Portuguesa ensinada na escola, mais especificamente, sobre Discurso Lexicográfico (Nunes, 1996; Orlandi 2002) e o funcionamento de palavras. Para além das questões da heterogeneidade da língua – relação entre oral e escrita, o funcionamento da língua em diferentes textualidades, etc – o objetivo é focar na relação que a materialidade da língua pode ter com o gênero (por uma tradição gramatical) e com a sexualidade, uma vez que o movimento LGBT se coloca presente na sociedade reivindicando suas pautas. O que gênero e sexualidade têm a ver com Língua Escolar? Nessa imbricação se faz necessária uma distinção no nível de gramatização (Auroux, 1992): o de dicionarização e o de verbetização (Moura, 2018) e como os sentidos ganham diferentes sentidos a depender do texto e dos sujeitos.