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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A infância nas canções de Chico Buarque: infortúnios, pobreza e abandono

Autores:
Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNINCOR - Universidade Vale do Rio Verde)

Resumo:

O cancioneiro de Chico Buarque apresenta um número considerável de canções que tratam do universo infantil, material ainda pouco estudado de maneira sistemática pela fortuna crítica do compositor. Além de suas composições musicais, o autor chegou, nos anos 1970, a adaptar Os Saltimbancos, musical de Sérgio Bardotti e Luis Enríquez Bacalov, inspirado em Os músicos de Bremen, dos irmãos Grimm; escreveu um livro destinado ao público infantil Chapeuzinho Amarelo, referência direta ao conto de fadas Chapeuzinho vermelho. Compôs também, junto com Edu Lobo, o musical infantil O grande circo místico, baseado no poema homônimo de Jorge de Lima. No âmbito de seu repertório musical, que nos interessa em particular, é possível, em muitas de suas composições, vislumbrar o universo infantil em duas proposições frequentes. No primeiro caso, há uma forte marca do universo da fantasia e do sonho, no qual a infância é vista como um locus amoenus, uma espécie de paraíso perdido. Como podemos ver, por exemplo, nas canções “Até pensei”; “João e Maria”; “Maninha”; “Doze anos”; “Massarandupió”. Em contraste à esta proposição, nota-se na obra do compositor a presença da infância por meio de suas adversidades e violência. Como podemos ver em canções como: “Pivete”; “O meu guri”; “Minha história”; “Brejo da cruz” e “Carioca”. Nesta comunicação, deteremos nossos esforços nas análises das canções pertencentes a esta segunda proposição, no sentido de aclarar como Chico Buarque representa o mundo infantil em seus infortúnios: a pobreza, a violência e o abandono.