Angola é um país multicultural e multilinguístico e deve ser visto como tal. Infelizmente este facto foi ignorado, em certa medida, uma vez que as instituições do estado e o próprio sistema de educação validaram somente o uso da Língua Portuguesa, mesmo em regiões onde boa parte da população não fala o Português ou fala, mas não a tem como língua materna.

Esta situação tem causado constrangimentos tais como o não reconhecimento, por muitos angolanos, do Português como sua língua; a não utilização da Língua Portuguesa real no ensino, por ainda utilizar gramáticas portuguesas e brasileiras sem as referências do Português Angolano; os escassos estudos descritivos sobre as variações desta Língua; e a pouca cooperação entre universidades nacionais e internacionais para um debate sobre a gestão do saber científico.

O valor da língua reside não só na sua concretização, mas na forma como os seus falantes se apropriam dela. É importante, portanto, um entendimento profundo sobre as culturas locais dando a cada país lusófono um espaço de destaque para o equilíbrio das relações por uma identidade lusófona com as suas diversas facetas.

Uma preocupação que, para esta apresentação, deve ser assumida pela universidade pautando pela relação universidade-comunidade, uma vez que daí vem o falante. Portanto, este trabalho pretende reflectir sobre o ensino e a difusão da língua Portuguesa como uma questão não só dos especialistas, mas também dos estudantes, dos professores dos vários níveis e das instituições públicas e privadas.