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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Hesitações e posições forte e fraca de constituintes prosódicos na fala infantil.

Autores:
Cristyane de Camargo Sampaio Villega (UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho")

Resumo:

O presente trabalho teve como objetivo verificar se as hesitações, na fala infantil, ocorreriam, preferencialmente, em posições fortes ou fracas de diferentes constituintes prosódicos (propostos por Nespor; Vogel, 1986) – a saber, enunciado fonológico, frase entonacional, frase fonológica, grupo clítico e palavra fonológica. Os dados analisados foram extraídos de um banco composto por 147 situações de entrevistas realizadas com crianças de 5-6 anos de idade. Tais entrevistas foram gravadas e transcritas com normas que priorizavam a detecção de hesitações. Para analise dos constituintes prosódicos, foi utilizado o principio da proeminência relativa. A partir desse princípio, consideramos, como posição forte, as ocorrências hesitativas identificadas em elementos destacados na organização de cada um dos níveis da hierarquia prosódica e, como posição fraca, as ocorrências hesitativas identificadas em partes de constituintes que circundam as posições fortes. Foram detectadas 2.311 ocorrências hesitativas. Dessas ocorrências, foram identificadas: (1) no enunciado fonológico: 1075 ocorrências, 305 (28,37%) em posição forte e 770 (71,63%) em posição fraca; (2) na frase entonacional: 1379 ocorrências, 285 (20,67%) em posição forte e 1094 (79,33%) em posição fraca; (3) na frase fonológica: 782 ocorrências, 129 (16,49%) em posição forte e 653 (83,51%) em posição fraca; (4) no grupo clítico: 1013 ocorrências, 154 (15,21%) em posição forte e 859 (84,79%) em posição fraca; e (5) na palavra fonológica: 769 ocorrências,  349 (45,39%) em posição forte e 420 (54,61%) em posição fraca. Embora as ocorrências hesitativas tenham sido identificadas em posições fortes em todos os constituintes prosódicos analisados, houve prevalência pela porção fraca. Esse resultado corrobora a literatura, que afirma que as hesitações ocorreriam em porções não nucleares (SCARPA, 2015). Esse resultado reforça, ademais, a eficácia do modelo da fonologia prosódica em relação ao princípio da proeminência relativa.


Agência de fomento:
CAPES/CNPq