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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Acurácia ortográfica de consoantes soantes em ataque silábico simples e em coda simples no Ciclo I do Ensino Fundamental

Autores:
Suellen Vaz (UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho")

Resumo:

Neste trabalho, buscamos verificar em que medida a acurácia ortográfica de consoantes soantes no Ciclo I do Ensino Fundamental seria (ou não) dependente das posições que essas consoantes podem preencher na estrutura da sílaba e/ou da classe fonológica – nasais e líquidas. Para tanto, assumimos pressupostos teóricos do modelo hierárquico de organização da sílaba (SELKIRK, 1982). Analisamos ocorrências de consoantes soantes de quatro produções textuais de 67 crianças – 20 do 1º ano, 21 do 2º ano e 26 do 3º ano. As possibilidades de registros foram distribuídas conforme ocorressem na posição de ataque simples e de coda simples. Categorizamos então essas ocorrências em: (a) acertos – quando o registro foi realizado convencionalmente; e (b) erros – quando não houve o registro ou esse foi realizado de maneira não convencional. Nas consoantes nasais detectamos 4.437 possibilidades de ocorrências em ataque simples – 4.369 (98,47%) acertos e 68 (1,53%) erros –; e 2.880 em coda simples – 2.178 acertos (75,62%) e 702 (24,38%) erros. Já nas consoantes líquidas, detectamos 4.373 possibilidades de ocorrências em ataque simples – 4.145 (94,79%) acertos e 228 (5,21%) erros; e 2436 em coda simples – 2.046 (83,99%) acertos e 390 (16,01%) erros. Observamos, portanto, que a acurácia ortográfica se mostrou dependente da posição silábica que as consoantes soantes ocupam; dessa forma há maior instabilidade ortográfica na posição mais fraca da sílaba (SELKIRK, 1982). Ainda, essa posição é justamente aquela com maior opacidade ortográfica, justificando também maior percentual de erros. Por fim, verificamos que a acurácia ortográfica não se mostrou dependente da classe fonológica (nasais x líquidas). Esse resultado não corrobora estudos sobre a aquisição de fala (LAMPRECHT, 2004; LAZZAROTO-VOLCÃO, 2009), uma vez que, na fala, nasais são adquiridas anteriormente às líquidas. Podemos assim apontar para uma relação não direta entre fala e escrita.


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