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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


“Meus alunos não sabem ler”: análise de aspectos dialógicos da leitura materializados em textos considerados “nota zero”

Autores:
Viviane Dinês de Oliveira Ribeiro Bartho (USP - Universidade de São Paulo )

Resumo:

Inúmeros trabalhos sobre leitura – Kleiman (2001); Orlandi (2012); Geraldi (2006); Koch e Elias (2008); Goldstein (2009) e muitos outros, em diferentes abordagens teóricas –  apontam para a problemática de que nossos alunos da educação básica e superior enfrentam grandes dificuldades para ler e que, consequentemente, redigem textos que não podem ser considerados boas ou verdadeiras réplicas. Esses textos são avaliados, segundo um sistema normativo, como mal redigidos, precários, insuficientes, resultantes de uma má leitura. Basicamente, esses textos são entendidos como não dialógicos, caso em que o aluno não conseguiu elaborar uma réplica de leitura satisfatória. Essa avaliação, porém, segue parâmetros de um olhar institucional que precisa atribuir notas, fazer classificações, adotar critérios que permitam estabelecer o êxito ou o fracasso dos leitores. Por vezes, no entanto, esses mecanismos de avaliação não dão conta de observar aspectos de leitura que escapam ao olhar prescritivo da escola. Em um espaço acadêmico e reflexivo-investigativo, é possível buscar descrever e compreender fenômenos de variada natureza, como a característica dialógica da linguagem e, portanto, da leitura, que pode ser materializada em processos linguístico-discursivos. Diante desse contexto, o presente trabalho tem por objetivo analisar a dialogia de textos, sobretudo daqueles considerados não dialógicos ou não críticos ou, ainda, ruins, pelos critérios avaliativos da escola. Como resultados, apresentaremos a descrição de traços do modo de leitura e do dialogismo inevitavelmente estabelecido, a fim de interpretar o processo de leitura realizado e a história de leitura dos alunos desvelada pelo corpus. Nosso corpus foi constituído de textos, produzidos como réplicas de leitura, de alunos da uma unidade de ensino público federal, nos níveis Médio e Superior. A análise discursiva desenvolveu-se sob pressupostos teóricos do Círculo de Bakhtin e configura-se como parte de uma tese de doutorado orientada pela Profa. Dra. Norma Goldstein, na Universidade de São Paulo.